quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Todo carnaval tem seu fim

A ressaca moral das noites mal dormidas regadas pelo melodrama das músicas descompassadas junto aos textos de descarga emocional fervente que quase doíam como ferida aberta não conseguiram manter as velhas concepções estagnadas pelo usual, já que o acaso demostrou ser crença fiel na falta de fé, uma vez que eu praticamente vi a tristeza cruzar meus olhos enfurecida pelo adeus sem saudade e por ter que deixar a felicidade entrar e apoderar-se do posto que um dia foi seu. Então a calmaria de uma quarta feira de cinzas envolveu-me através de chamas receosas em serem mortais, que ardem com o fogo invísivel e inexplicável que um dia o poeta disse que seríamos capazes de sentir. E por acreditar além da crença do poeta, porque não desejar que a calmaria beire o infinito?

terça-feira, 18 de outubro de 2011

The bitterness inside is growing like the new born


Antes de começar este post, gostaria de contar os motivos que me levaram a escrevê-lo: meu último post sobre padrões de beleza (E já nem sei quem mais é o culpado nessa história), umas leituras enriquecedoras no Escreva Lola Escreva (me levando a modificar meu status do último texto de "culpada" à "tentativa de não sê-lo" mandando um foda-se inacreditável ao excesso de pancinha sem desistir de comer minhas porcarias ou de manter minha saúde indo à academia), um episódio de Supernatural (que tratou muito bem de questões de julgamento e culpa) e o meu gosto por interpretar músicas que, aparentemente, não fazem o menor sentido. Aí vai meu devaneio:

"How much are you worth?
You can't come down to earth.
You're swelling up,
You're unstoppable."



Esse trecho é da música New Born, da banda britânica Muse (da qual eu sou fã, diga-se de passagem), e é uma das minhas músicas preferidas. A letra na íntegra é deveras confusa, mas pequenos trechos me permitem uma interpretação relevante.
Traduzindo mal e porcamente, o trecho diz "Quanto você vale? Você não pode vir à Terra. Você está inchando, você está desgovernado."
É uma espécie de aviso ao ser humano, um aviso um tanto quanto deprimente, na realidade.

Uma vez vivendo no planeta Terra com os ditos racionais seres humanos, o julgamento é pedágio para relações sociais. Cada um tem um valor diante de cada ser humano, valor este que muitas vezes independe de quem você realmente é. Explicando: para uns, o que conta é caráter, e para outros, aparência. Só que a princípio, o primeiro pedágio para todos é a aparência, infelizmente. O que diferenciará uns dos outros é que alguns irão elaborar suas concepções sobre o externo alheio e se limitar à isto para definir seu caráter, enquanto outros irão em busca do caráter partindo da primeira vista externa - seja esta agradável ou não -, tornando a aparência final mais bela ou mais horrível que a inicial. Para mim, avaliar alguém apenas pelo externo é sinal de caráter podre, logo, aparência podre, mas provavelmente para quem faz isso, minha forma de pensar é que é podre, logo, minha aparência também o é.

Partindo deste princípio, o belo (uso o termo como expressão para beleza total, "corpo e alma") é claramente relativo, e nossos valores (no sentido de valer algo para alguém, não no de concepções ou ideais) têm uma variedade infinita, já que eles dependem de quem está nos julgando.
Portanto, como a música se chama New Born (recém nascido), sinto que o trecho é um aviso àquele serzinho que está chegando agora ao planeta Terra. Um aviso cruel, na realidade, já que ao passo que ele pergunta "quanto você vale?" não espera nem uma resposta para sentenciar que o fulaninho não deve vir, talvez porquê ele vá demorar a valer algo, já que enquanto ainda não julga, não produz ideias, não almeja e consome muito pouco por si mesmo, não move a máquina capitalista, que é o foco desse mundo, ou talvez porquê ele vá sofrer demais quando valer alguma coisa, uma vez que o "você está inchando, você está desgovernado" pode ser entendido por um "você está crescendo, vai ter que se adaptar à si mesmo mas principalmente aos outros, vai se desesperar e querer voltar a ser um recém nascido".
Ou seja, Matthew Bellamy nos agraciou com um sucinto, belo e melodioso "você vai se foder legal por aqui, amigo."

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

E já nem sei quem mais é culpado nessa história


Engordei. Já sabia, mas hoje quis constatar na balança.

A primeira reação foi uma cara de "fodeu" reprimida, pois engordei mais do que imaginava...

E toda vez que isso acontece (o que é algo relativamente frequente) eu fico aqui me perguntando quem foi o puto infeliz influente na sociedade que num momento da história decidiu que barriguinha era coisa feia e que a ausência dela é que era coisa bonita. Rapaz, cê fodeu minha vida e a de muita gente que curte comer, sabia?

E logo após esse pensamento, já rebate outro: "mas barriga sobrando é coisa feia mesmo", e a partir daí, justifico as horas de academia e o sofrimento de não comer as coisas que tanto amo.
Só que pera lá um pouquinho: por causa de um puto que em um determinado momento da história disse que barriguinha era feia, eu e mais umas 2 gerações anteriores temos intrínseco em nossos seres a ideia de que magreza é beleza e saúde, e gordurinhas feiura e doença.
Só que obviamente não é bem assim, já que nem todo magrelo é saudável e nem todo gordinho é doente. Acho que só achamos que o magro é mais bonito porquê sempre nos foi colocado assim.

E nessa daí eu, que nunca fui de ligar muito para aparências, me sinto afetada pelas concepções que me impuseram. E (in)felizmente, acho que não é só comigo que isso acontece.
Então diante disso, fico no impasse de perder os quilinhos em excesso ou mudar as concepções. Os dois são imensamente difíceis, mas mudar as concepções é quase impossível diante do medo de se sentir taxada de gorda e feia por qualquer pessoa ou instituição, gerando sentimentos de incapacidade e insegurança, coisas que não deveriam ter nada a ver com aparência externa. E aqui eu chego num ponto que não consigo explicar, pois a opinião de um estranho é irrelevante, só que por mais que ninguém veja a barriguinha sobrando, eu não consigo me sentir bem sozinha diante do espelho. Eu não consigo mudar minhas - minhas? - concepções.

É um auto-julgamento carregado pelo peso das futilidades que eu sempre enojei, aliás, carregado da futilidade de estar próxima de um padrão de beleza que sei lá eu porquê raios é assim. A minha sorte é ter cabeça o suficiente para não fazer parte de um grupo de anoréxicas e/ou bulímicas, o que hoje em dia é uma coisa comum diante das exigências sociais - ridículas, diga-se de passagem - de beleza.
Enfim sociedade, constatei que você está podre há muito tempo, só que ao te jogar toda a culpa, vi que não consigo negar uma de suas mais ridículas imposições.
Devo eu achar que a culpa por parte desta podridão também é minha? Temo que sim.









P.S.: Acho que as pessoas gordinhas podem ser tão bonitas quanto as magras, pois o que entendo por beleza não é uma questão de peso. Eu posso continuar tendo a mesma beleza com muitos quilos a mais, a diferença é que não me sentirei confortável assim.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Sobre gente que faz humanas mas não é humana, não parece gente e deveria sumir do mapa (ou pelo menos da faculdade)

É engraçado ver como valores distorcidos se conservam.
Nas escolas - ou pelo menos nas que eu frequentei -, as notas sempre foram muito valorizadas, pois quanto maior a nota, melhor o aluno. E também eram o determinante para que se passasse de ano ou apenas não levasse xingo dos pais, para que finalmente se conseguisse concluir os "estudos", tão desejados pelos pais, professores e mercado de trabalho, e tão odiados pelos alunos.


O problema é que as notas, em grande parte dos casos, não significam nada. Dá-lhe decoreba pra passar naquela matéria desgraçada que você não entende patavinas. E depois da prova, não lembrar nem qual era o assunto. A vida escolar inteira isso acontecia, seja em pequenas ou grandes escalas.
Sendo assim, concluiu-se a escola, cumpriram-se as médias, decorou-se o que não se aprendia e aprendeu-se o que se gostava e/ou entendia. Agora, é hora de correr atrás do que se quer para o futuro.


As exatas sempre foram um problema imenso para mim, e do grande conteúdo que vi, pouco aprendi e muito decorei e esqueci. Gostaria que não tivesse sido assim, mas talvez por falta de esforço ou de capacidade cognitiva, decorava e colava apenas pra passar. Mas assim que me livrei das exatas, corri para algo que realmente me interessasse. E acredito que é assim que acontece com a maioria das pessoas, sempre em busca do que se têm realmente vontade de fazer.
E diante de um estudo para algo que se quer fazer, esqueça as colas ou os decorebas. O que é aprendido agora é fundamental para o futuro pessoal e principalmente profissional. Se não aprendi direito, eu que corra atrás do prejuízo, porquê não posso correr o risco de afetar outras vidas por causa da minha displicência.
A faculdade não é perfeita, existem matérias chatas e maus profissionais, conteúdos que deveriam ser menos explorados e conteúdos que deveriam ser melhor explorados, mas nem assim justifica-se colar ou decorar um conteúdo apenas pra passar. Não foi capaz ou não pode aprender? Arque com as consequências e estude melhor depois. Acredite, prosseguir sem capacidade só te torna mais burro.


Mas o que mais me enche de indignação é ver que a maioria das pessoas não têm essa concepção e realmente acha que o importante é só passar.
Tudo bem se você não gosta da matéria, tudo bem se você não tem tempo para estudar, tudo bem se você acha os professores péssimos, tudo bem se sentir assim, de verdade, eu sei que o sistema é mesmo um lixo, que ninguém dá o real valor à nada e que as coisas não deveriam ser assim... Mas isso não justifica se infiltrar no sistema. Então não transfira a sua culpa. Nem a sua falta de responsabilidade.


Pois o único responsável pelo seu futuro, seu empenho e por não tentar algo melhor, é você.
E num futuro bem próximo, o único responsável por ter arruinado a vida de alguém infelizmente também será você.