Da mesma forma que fizera com as folhas do
outono e com o frio do inverno, decidiu por livrar-se e aquecer-se.
Carregava suicídios de outros carnavais,
embora não demonstrasse os corpos na bagagem. Se pensasse em quantos suicídios
alguém é capaz de carregar, talvez não soubesse como proceder diante do
próximo.
Pensou pouco e não hesitou em conformar-se
que soaria de forma tão igual que doeria por ser tão diferente.
É que nunca fora um ato simples, tampouco
seria agora, munido de novas memórias somadas às antigas lembranças...
Incapaz de imaginar, apenas começou a
sentir, e a dor era tão concreta… Era praticamente palpável naquele peito
arfante pressionado pelo travesseiro velho, ambos incansáveis à mesma melodia
fúnebre e linda, única e repetitiva.
Tão bela e angustiante era a morte, quanto
mais a de si.
Enquanto tudo prosseguia, a calmaria
arrastava-se aos passos lentos da coragem de um suicídio. Jamais
acreditara realmente que esvaziar-se doeria mais que a partida.
Nada a ser feito
agora. O vazio se alimenta daquilo que lhe conforta e sendo assim, encontrara
em si seu repouso.