quarta-feira, 23 de maio de 2012
Primavera.
Enquanto não sinto,
Fujo,
Me resguardo no que fui e no que procuro ser,
Fecho portas e abro janelas pra melhor sentir o cheiro das flores
- mas sem tocá-las, pois tem espinhos.
Enquanto sinto,
Fico,
Abro as portas para dar livre passagem
ao perfume, aos espinhos
e às petalas, porque são macias
- talvez valha o risco tocá-las.
Enquanto fujo,
Sinto,
O que não fui porque não pude ser,
O que não fui porque não quis ser
e me resguardo no que ainda há de meu em mim
- as flores mortas estão só lá fora.
E enquanto fico,
Sinto e não mais fujo.
As cicatrizes pelas flores mortas
tornam-se sabedoria em botão,
E ao sentir suas pétalas,
sorrio pelo que sou.
- floresci.
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