Acho interessante esse negócio de “Virada do Ano”. Sempre as
mesmas festas, os mesmo rituais, os mesmos programas de televisão, (quase)
sempre as mesmas pessoas.
E depois da tal “virada” durmo tarde como todos os dias do
ano que passou, com a barriga cheia como após qualquer boa festa que freqüentei
e tendo o dia seguinte regado à preguiça e comida requentada.
Se o dia seguinte é o ano seguinte não alterou em nada,
foram os mesmos hábitos e a mesma rotina. Mais do mesmo.
Mas como todo ritual “mundial” tem um propósito e este
costuma ser ridículo (pra não dizer revoltante), uso os olhos do otimismo pra
extrair o que há de bom.
Na realidade, a tal “virada do ano” é mais uma jogada de
marketing pra fazer burguês feliz, ou desculpa pra fazer muita festa e muita merda.
Ou talvez as duas coisas, dependendo de quem comemora.
Só que a simbologia por trás disso é a paz, a alegria, a
união, a mudança, a esperança, um novo ano chegando, uma nova vida pela frente.
E isso é lindo, sem sombra de dúvida.
Só que, venhamos e convenhamos, tudo isso só é possível com
a própria mudança. Ideias velhas num caderno novo continuam sendo velhas. E
quando se sabe a vida toda (ou pelo menos há algum tempo) que vermelho não é
preto, não é em uma noite que se convencerá do contrário. Cada um tem um tempo
necessário pra ser convencer ou ser convencido a respeito de algo, e não
discordo, pois é fato. Mas acredito que sempre será um processo mais longo que
um minuto ou um voto de “feliz ano novo”. O desejo de mudança deve estar rondando
há algum tempo para que seja colocado em prática de forma tão brusca.
E dessa forma, acabo por ver a “Virada do Ano” como o melhor
impulso de mudança possível. Se já havia vontade, a troca de calendário (que,
queira ou não, muda a rotina, há não ser que você não trabalhe nem estude e só
mantenha contato com pessoas que fazem o mesmo) vai dar forças para que isso
aconteça. Se não havia vontade, vai ser mais um festival de hipocrisia seguido
de um ano “mais do mesmo”, que é bem comum em alguns casos de gente “super bem
resolvida” (ou talvez acomodada…).
Portanto, a “Virada do Ano” é bem mais que interessante.
Acho válido fazer um balanço do que quero e do que não quero mais. Os hábitos
que quero conservar e os que quero destruir. Pensar nas metas possíveis, nas
impossíveis e nas ridículas. Querer melhorar a mim antes de melhorar o mundo –
o que também não impede de tentar fazer os dois ao mesmo tempo.
E uma das coisas mais importantes, não esquecer que “pessoas
são seres humanos”, como diria uma amiga minha. Ok, explicando: todos cometerão
erros. Vários, muitos deles. Simples, complicados ou terríveis. Comigo,
conosco, com eles. A questão é evitá-los, e se isso não for possível, consertá-los.
Caso isso também não seja possível, adaptar-se às mudanças impostas por eles. Não
é fácil, tampouco impossível.
Então, pra todos aqueles que lerem esse texto, desejo apenas
vontade de mudança. Seja no comprimento dos cabelos, seja nos valores, o
importante é mudar o que não te agrada mais ou o que já te cansou a beleza.
Nunca vi mais do mesmo fazer bem a ninguém, e se conhecer
algum caso, pode ter certeza que avisarei.
Que em 2012 tudo seja melhor. Principalmente você.