domingo, 11 de dezembro de 2011

Por um viés de realidade

Procurava por um repouso. O cansaço das longas jornadas não se dissiparia em uma só noite.
O que havia de errado? It’s only destiny, my little child.
Enquanto a procura continuava, cada vez mais incessante, as cortinas fechavam-se em ríspida velocidade. Talvez fosse apenas o medo do viajante misterioso, tão sequelado pela falta de abrigo e pelos velhos hábitos.
Mas estes hábitos eram maiores que o medo, então abriu as cortinas. É o mesmo cenário de outrora, e descubro que elas não fizeram a mínima diferença. Olhar através era o mesmo que retirá-las, pois o cenário era tão interessante que nada era capaz de desviar a atenção.
Observando com um pouco mais de zelo, acordei. Havia um viés de sonho no embolorado daquela realidade, e é certo que as cortinas continuariam ali. Tão úteis e tão desnecessárias, meu Deus. E entre tanta observação, foquei no viajante repousando. Um misto de medo e desejo inundava seus ávidos olhos.
O que havia de errado? There’s no fucking fate, my little child.
Continuei a observar. O mesmo cenário de sempre me observava de volta. A insistência parecia não fazer sentido, mas eu não me cansaria tão cedo. Ela era mútua.
De fato eu já havia acordado, mas sabíamos que não era de nenhum sonho. Dentro daquele cenário, é pelo viés dos olhares que o real salta aos olhos. Enquanto o viajante gritava, eu respondia. Sempre pelos olhos. E nesse diálogo incessante através do silêncio, a realidade me repousou.

Um comentário:

  1. Lindo. Acho que sempre gosto mais daquilo que é triste (afinal, definitivamente, esse texto não é sobre felicidade.) Aliás, o blog ficou lindo, Gabs. O texto, o blog, tudo. Ah, estou com saudades. Te amo.

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