terça-feira, 18 de outubro de 2011

The bitterness inside is growing like the new born


Antes de começar este post, gostaria de contar os motivos que me levaram a escrevê-lo: meu último post sobre padrões de beleza (E já nem sei quem mais é o culpado nessa história), umas leituras enriquecedoras no Escreva Lola Escreva (me levando a modificar meu status do último texto de "culpada" à "tentativa de não sê-lo" mandando um foda-se inacreditável ao excesso de pancinha sem desistir de comer minhas porcarias ou de manter minha saúde indo à academia), um episódio de Supernatural (que tratou muito bem de questões de julgamento e culpa) e o meu gosto por interpretar músicas que, aparentemente, não fazem o menor sentido. Aí vai meu devaneio:

"How much are you worth?
You can't come down to earth.
You're swelling up,
You're unstoppable."



Esse trecho é da música New Born, da banda britânica Muse (da qual eu sou fã, diga-se de passagem), e é uma das minhas músicas preferidas. A letra na íntegra é deveras confusa, mas pequenos trechos me permitem uma interpretação relevante.
Traduzindo mal e porcamente, o trecho diz "Quanto você vale? Você não pode vir à Terra. Você está inchando, você está desgovernado."
É uma espécie de aviso ao ser humano, um aviso um tanto quanto deprimente, na realidade.

Uma vez vivendo no planeta Terra com os ditos racionais seres humanos, o julgamento é pedágio para relações sociais. Cada um tem um valor diante de cada ser humano, valor este que muitas vezes independe de quem você realmente é. Explicando: para uns, o que conta é caráter, e para outros, aparência. Só que a princípio, o primeiro pedágio para todos é a aparência, infelizmente. O que diferenciará uns dos outros é que alguns irão elaborar suas concepções sobre o externo alheio e se limitar à isto para definir seu caráter, enquanto outros irão em busca do caráter partindo da primeira vista externa - seja esta agradável ou não -, tornando a aparência final mais bela ou mais horrível que a inicial. Para mim, avaliar alguém apenas pelo externo é sinal de caráter podre, logo, aparência podre, mas provavelmente para quem faz isso, minha forma de pensar é que é podre, logo, minha aparência também o é.

Partindo deste princípio, o belo (uso o termo como expressão para beleza total, "corpo e alma") é claramente relativo, e nossos valores (no sentido de valer algo para alguém, não no de concepções ou ideais) têm uma variedade infinita, já que eles dependem de quem está nos julgando.
Portanto, como a música se chama New Born (recém nascido), sinto que o trecho é um aviso àquele serzinho que está chegando agora ao planeta Terra. Um aviso cruel, na realidade, já que ao passo que ele pergunta "quanto você vale?" não espera nem uma resposta para sentenciar que o fulaninho não deve vir, talvez porquê ele vá demorar a valer algo, já que enquanto ainda não julga, não produz ideias, não almeja e consome muito pouco por si mesmo, não move a máquina capitalista, que é o foco desse mundo, ou talvez porquê ele vá sofrer demais quando valer alguma coisa, uma vez que o "você está inchando, você está desgovernado" pode ser entendido por um "você está crescendo, vai ter que se adaptar à si mesmo mas principalmente aos outros, vai se desesperar e querer voltar a ser um recém nascido".
Ou seja, Matthew Bellamy nos agraciou com um sucinto, belo e melodioso "você vai se foder legal por aqui, amigo."

3 comentários:

  1. Muse me parece ser uma banda com boas - muito boas - composições. Você percebe que é gente inteligente.

    Legal o texto Gabi. Propôs uma reflexão sem dar pinta disso :)

    ResponderExcluir
  2. PS: Botão de "paia" foi foda, huauahhuauhauhahua.

    ResponderExcluir
  3. Muse é assim mesmo. Talvez outra hora eu viaje na maionese sobre alguma outra música deles... a maioria delas é realmente boa para refletir sobre os mais diversos temas.

    E obrigada, Johnny!

    E tem coisa que não tem definição de tão sem graça e ruim que é, então chamo de paia! Aí achei coerente colocá-la também nos botões (só espero que ninguém o aperte hauahuahuhahua)

    ResponderExcluir