quinta-feira, 13 de outubro de 2011

E já nem sei quem mais é culpado nessa história


Engordei. Já sabia, mas hoje quis constatar na balança.

A primeira reação foi uma cara de "fodeu" reprimida, pois engordei mais do que imaginava...

E toda vez que isso acontece (o que é algo relativamente frequente) eu fico aqui me perguntando quem foi o puto infeliz influente na sociedade que num momento da história decidiu que barriguinha era coisa feia e que a ausência dela é que era coisa bonita. Rapaz, cê fodeu minha vida e a de muita gente que curte comer, sabia?

E logo após esse pensamento, já rebate outro: "mas barriga sobrando é coisa feia mesmo", e a partir daí, justifico as horas de academia e o sofrimento de não comer as coisas que tanto amo.
Só que pera lá um pouquinho: por causa de um puto que em um determinado momento da história disse que barriguinha era feia, eu e mais umas 2 gerações anteriores temos intrínseco em nossos seres a ideia de que magreza é beleza e saúde, e gordurinhas feiura e doença.
Só que obviamente não é bem assim, já que nem todo magrelo é saudável e nem todo gordinho é doente. Acho que só achamos que o magro é mais bonito porquê sempre nos foi colocado assim.

E nessa daí eu, que nunca fui de ligar muito para aparências, me sinto afetada pelas concepções que me impuseram. E (in)felizmente, acho que não é só comigo que isso acontece.
Então diante disso, fico no impasse de perder os quilinhos em excesso ou mudar as concepções. Os dois são imensamente difíceis, mas mudar as concepções é quase impossível diante do medo de se sentir taxada de gorda e feia por qualquer pessoa ou instituição, gerando sentimentos de incapacidade e insegurança, coisas que não deveriam ter nada a ver com aparência externa. E aqui eu chego num ponto que não consigo explicar, pois a opinião de um estranho é irrelevante, só que por mais que ninguém veja a barriguinha sobrando, eu não consigo me sentir bem sozinha diante do espelho. Eu não consigo mudar minhas - minhas? - concepções.

É um auto-julgamento carregado pelo peso das futilidades que eu sempre enojei, aliás, carregado da futilidade de estar próxima de um padrão de beleza que sei lá eu porquê raios é assim. A minha sorte é ter cabeça o suficiente para não fazer parte de um grupo de anoréxicas e/ou bulímicas, o que hoje em dia é uma coisa comum diante das exigências sociais - ridículas, diga-se de passagem - de beleza.
Enfim sociedade, constatei que você está podre há muito tempo, só que ao te jogar toda a culpa, vi que não consigo negar uma de suas mais ridículas imposições.
Devo eu achar que a culpa por parte desta podridão também é minha? Temo que sim.









P.S.: Acho que as pessoas gordinhas podem ser tão bonitas quanto as magras, pois o que entendo por beleza não é uma questão de peso. Eu posso continuar tendo a mesma beleza com muitos quilos a mais, a diferença é que não me sentirei confortável assim.

6 comentários:

  1. Na boa, independentemente do fato de ser seu namorado: faça o possível para não esquentar com isso.

    É o que tenho procurado fazer, ainda mais quando constatei que sim, preocupação excessiva (que em nossos tempos é taxada de "normal") com forma e academia, costuma ser sinônimo de despreocupação com o intelecto.

    E eu fico com meu cérebro.

    ResponderExcluir
  2. Má: é claro que te amo, tonta. HAUAHUAHAU

    Cadê o botão "curtir muito" para os comentários de vocês?

    ResponderExcluir
  3. De qualquer forma, temos que saber dosar: não é natural nos privarmos de fazermos coisas que amamos por causa de culpa com o peso, e também não é natural cometermos exageros gastronômicos por estarmos abalados psicologicamente até que a saúde seja afetada.
    O equilíbrio entre saúde física e mental é o ideal. Ou seja: privar o cérebro de porcarias culturais alimentando o intelecto com cultura inteligente enquanto come um chocolate, é tão saudável quanto um prato de salada na hora do almoço.

    ResponderExcluir
  4. Mas minha prima linda! A sociedade sempre estabelece padrões para tudo!
    E pode ter certeza. Beleza é algo que vem de dentro! Jamais devemos nos sacrificar muito apenas para estar "dentro destes padrões" estabelecidos.

    E outra coisa minha linda! Nada se compara à você fazer o que gosta, com as pessoas que você gosta e ser natural!
    Hoje em dia a "beleza" infelizmente tornou-se sinônimo de bundona, peitão, coxona e cinturinha. Isso pra mim é a boneca Barbie, e não um ser humano.


    E ah, AMO VOCÊ! ;)

    ResponderExcluir
  5. Eu sou daqueles que tão gordinhos, olham no espelho, ficam putos, e daí correm pra cozinha achar um pão. E vou te contar, nunca fui tão feliz hahaha.
    Sociedade é uma coisa que nunca foi boa, sempre causou problemas com casos como esse de impor um determinado pensamento ou conceito.

    Mas o que eu acho mesmo é que somos todos lindos, principalmente nós que temos quilos à mais.

    ResponderExcluir
  6. O primeiro parágrafo do comentário acima da "Videbula" foi sensacional.

    ResponderExcluir